sábado, 6 de fevereiro de 2010

Descobri-me Um Anti-social

Ser anti-social implica em evitar contato social com variados estilos de pessoas, isso pode ter causas patológicas, pode ser característica personológica, timidez, sociofobia e até outras razões. Comecei a calcular o quanto eu sou anti-social e resolvi avaliar isso, sendo assim, também resolvi pensar mais sobre isso, pode ser interessante. Com o passar do tempo eu me aprofundei em ser mais eu e cada vez me tornei menos "os outros", isso ocorreu quando assumi mais quem sou e o que sou, quando me descobri muito excêntrico e que vivo para meu próprio prazer como é comum da excentricidade. É até irônico e sarcástico citar algo "comum" dentro da excentricidade já que a mesma é incompatível e inimiga do comum, normal, limitado e padronizado típicos dos "normalóides" tão comuns e repetitivos espalhados pelo mundo.
Encarei muitas decepções e mágoas, já fui frustrado e senti derrotas e perdas dentro da cabeça e isso não foi fácil de superar, sobraram as cicatrizes e um couro mais duro de tanto apanhar, então hoje sou um homem mais preparado para a vida. Ainda penso que sofri pouco comparado a muitas pessoas por aí, mas sofri e matematicamente é complexo medir sofrimentos e compará-los entre as pessoas, pois cada um sente as coisas de uma forma com diferentes intensidades e isso nos marca.

Desde pequeno fui isolado das outras crianças, meus pais e professores estimulavam meu contato mas eu era solitário, não por solidão mas por solitude e muitas pessoas não entendem como alguém pode se sentir bem estando só. A solidão é algo diferente, pois envolve uma ou mais dores variadas por conta do isolamento, nesse caso a solidão é inversa à solitude, pois da solitude obtemos prazer caso tenhamos um gosto grande por nossa própria pessoa a ponto de sentir prazer em estar sem companhias, já na solidão a dor pode vir do abandono, desprezo, distância, medo e outros fatores criadores desse sentimento. A sociedade nos obriga a ter socialização, pois temos a sociabilidade que constrói e mantém a civilização humana, então com a socialização nos enquadramos na sociedade em algum espaço para interagir com a mesma, já a socialidade está em nós, é nossa capacidade natural de lidar com pessoas ao nosso redor e isso influi direta e indiretamente em nossas vidas.
Sou solitário mais por estilo de personalidade que me gerou também uma sociofobia que vai do leve ao moderado. Quando pequeno eu não sentia interesse em outras crianças, preferia realizar atividades solitárias, acostumei-me a brincar só e a sentar afastado nos cantos das paredes constantemente mudando de lugar para sentar, mas incomodava-me quando professoras tentavam me unir às outras crianças, quando colocavam atividades em grupo, quando queriam realizar festinhas para confraternizar, quando me estimulavam a interagir com outras crianças isso me incomodava, mas eu fazia, pois era obrigatório para ganhar notas e outros benefícios.

Caso não existissem recompensas eu não faria nada a não ser brincar isolado, mas quase todos nós sabemos que crianças são interesseiras, o que não difere tanto das nossas versões adultas, só que quando adultos muitos de nós podemos ser hipócritas e demagogos em dizer que amamos e odiamos de graça, mas na verdade relações humanas quase sempre são relações de interesses, isso nem sempre implica matéria, como no exemplo de quando gostamos de alguém por essa pessoa ser agradável, gentil, educada, divertida, compreensiva, auxiliadora e assim por diante, então gostamos de quem nos cativa algo por dentro, logo existe interesse, pois se essa pessoa fosse tudo de mais agressivo, incômodo, decadente e perigoso a odiaremos, logo há interesses nas relações humanas, mesmo sem matéria envolvida nisso.
Esse texto é mesmo um exercício de conhecimento próprio, pode ser reflexo também das estruturas mentais complexas que me compõem, talvez esse texto ajude o leitor a se identificar com algo a ponto de notar afinidades de pensamento, como também pode estimular uma análise crítica pessoal altamente profunda, capaz de gerar um descobrimento de si mesmo mais intenso, talvez prazeroso ou doloroso, mas mesmo assim necessário. É por essa razão que gosto de escrever pensamentos e sentimentos, mesmo que inalcançáveis para muitos, mas fico contente quando poucos se cativam e dizem que pensam e sentem algo como o que se passa em mim, mas que nunca leram alguém que atingisse tal maturidade e sensibilidade para expressar tais processos interiores.

Notei que várias coisas me fazem ter um nível de isolamento, tentei calcular matematicamente mesmo sabendo que isso é quase impossível, mas nas artes um artista pode fazer a realidade se perverter a ponto de fazer o improvável e impossível, resolvi seguir a receita e então calculei o quanto sou anti-social, só não sei se isso me atrapalha, creio que não me cause dor pois sinto-me ótimo, deve ferir mais os outros, mas não me importo, já tenho quem me ame e também a quem amo, portanto o resto é resto e não devo ligar para isso. então sou totalmente anti-social em:
01- Festas chatas com músicas ruim e pessoas classificadas como escravas alienadas, carentes, efusivas, falsas, cínicas, limitadas, cíclicas, marrentas, "normalóides" e "modernosas" entre outros tantos tipos de pessoas que desprezo e ignoro.
Nível de isolamento: 90%.
02- Presença de parentes da minha linhagem paterna com os quais tenho altos problemas de interação.
Nível de isolamento: 85%.
03- Multidões barulhentas e bagunçadas (sempre sou contra sair para locais assim, salvo no caso de eventos realmente interessantes) e rodinhas com gente que não me agrada.
Nível de isolamento: 85%.
04- Quando tenho que fazer média com alguém e normalmente não faço para ganhar algo em cima de mentiras.
Nível de isolamento: 60%.
05- Quando canto e danço em baladas góticas e “headbangers” distraído com as músicas e não quero falar com os outros.
Nível de isolamento: 60%.
06- Quando penso que como aventureiro solitário é inútil que eu me case e tenha filhos.
Nível de isolamento: 95%.
07- Quando percebo gente intelectualmente miserável e medíocre falando tolices perto de mim.
Nível de isolamento: 80%.
08- Tenho sociofobia moderada.
Nível de isolamento: 45%.
09- Quando finjo de lerdo e surdo para não ouvir certos comentários dos outros.
Nível de isolamento: 45%.
10- Quando não dou atenção para birras, charminho, carências e outras perturbações.
Nível de isolamento: 60%.
11- Quando visto trajes que eu mesmo invento sem ligar para a opinião pública.
Nível de isolamento: 80%.
12- Quando faço minhas excentricidades sem dar a mínima importância para sociedade.
Nível de isolamento: 60%.
Fiz uma equação simples na qual somei todos os valores especulativos de níveis de isolamento, dividi os mesmos pelo número de itens da lista, assim, o resultado foi que sou 70,4 % anti-social. Agora falta saber no que isso me atrapalha já que acredito que não ganho quase nada com o que ignoro e desprezo. Sei que cada pessoa e coisa tem seu valor, mas algumas pessoas e coisas me causam uma leve náusea, assim isolo-me do que não me parece agradável, mesmo que a sociedade defina o que é importante. Desde que eu viva de bem comigo mesmo e ame-me acima de tudo então continuarei a bater ombros para a sociedade que me construiu, pois faço o que quero. Lógico que arco com as responsabilidades de minhas ações e reações, portanto não é por eu ser como sou que estou livre de qualquer sanção social pelo que eu faço, apenas decidi o melhor pra mim, mesmo que esse "melhor" seja distante demais da compreensão pública. Caso me perguntem por qual razão sou anti-social para uns e sociável para outros aqui estão as respostas, gostem ou desgostem delas essa é a realidade e realmente sou egocêntrico e gosto disso.

6 comentários:

  1. Parecia ler meu próprio diário!
    é bom saber que não sou a única, ja tava começando a ficar preocupada, achei q fosse ficar louca...mas pelo que parece isso não é caso de doença.
    Isso tem me prejudicado um pouco no trabalho, ja que minha chefe é altamente carente, me solicita atenção o tempo todo, ja expliquei que é so meu jeito, mas ela n quer entender isso, prefere ficar falando mal de mim e de como eu n gosto de ninguem...que chatisse. O que posso fazer se adoro minha companhia!

    ResponderExcluir
  2. Pode parecer loucura, mas gostei muito da forma como você escreve!
    Me identifiquei bastante com o texto, foi um prazer imenso o ler.

    ResponderExcluir
  3. estou maravilhado com seu texto,vc descreve perfeitamentente o cotidiano de um ser antisocial,muito obrigado pelo prazer de ler tao obra,e digo outra vez ,escreva um livro (se ja nao escreveu).

    ResponderExcluir
  4. No final depois dos cálculos não entendi o resto parece muito complicado para mim,porra cara estou pior que você não acredito em deus e em nada e acho que as pessoas que estão tentando me ajudar são umas putas do sistema se você me entende ou não vou deixar o link do meu blog aqui,mas cara se você me entendeu se você não entendeu vai aqui por favor quem esta lendo esse blog por favor visita o meu também se você entendeu você entendeu ou se não entendeu visita aqui

    acesse aqui : http://souantisocialquemerda.wordpress.com/2013/12/03/sou-antisocial/

    meu email anonimo : antisocialdv@yahoo.com.br

    pode mandar anonimo mesmo nem precisa se identificar tchauuuuuuuu :

    ResponderExcluir
  5. Achei tudo o que li mto incrível e verdadeiro. Sou anti-social e penso q mtas pessoas tem dificuldade em compreender como alguém pode se sentir feliz em sua própria companhia?! Digo isso pq eu me sinto bem quando estou só, em casa. curtindo a mim mesma. Eu não sei bem, mas parece que a maioria das pessoas preferem á estar rodeadas de tantas outras pessoas, que verdadeiramente não acrescentam nada em suas vidas à estar consigo mesmas em momentos q podem ser sim de felicidade, reflexão e por quê não de auto-conhecimento?

    ResponderExcluir
  6. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir