sábado, 27 de fevereiro de 2010

Pessoas e produtos, produtos e pessoas.

Pessoas podem ser:
compradas;
vendidas;
emprestadas;
alugadas;
doadas;
importadas;
exportadas;
rotuladas;
medidas;
pesadas;
transferidas;
contrabandeadas;
devolvidas;
substituídas;
arrendadas;
abandonadas;
precificadas;
armazenadas;
transportadas;
programadas;
reconfiguradas;
deletadas;
descartadas.


Pessoas tem:
prazo de validade;
data de fabricação;
escritura;
recibo;
selo de garantia;
nota fiscal;
código de barras;
conteúdo;
embalagem;
defeito de fábrica;
contrato de locação;
manual de instrução;
opcionais de série;
preço de tabela;
kilômetros rodados;
suporte técnico.

Pessoas sofrem:
Avarias;
desgastes;
reparos.





terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A classe C no Ensino Superior

Interessantíssimo texto publicado pelo Desembargador Vladimir Passos Freitas no Conjur:

O Brasil assiste a Classe C ter acesso a bens de consumo (p. ex., automóveis) e lazer (p. ex. cruzeiros marítimos). E o fenômeno alcança também o ensino superior, o que é excelente. Segundo Stanisci, Oliveira e Saldaña, “dos 5,9 milhões de estudantes de graduação no país, 31,4% têm renda familiar entre 1 e 5 salários mínimos. O número quase dobrou desde 2002, quando o porcentual era de 16,2%. Isso tem ocorrido graças a iniciativas oficiais, como políticas de cotas e o Programa Universidade para Todos (ProUni), mas também por causa de universidades que apostam nesse público, cobrando mensalidades baixas – que podem chegar a R$ 180” (Estado, A, Classe C com diploma, 24.11.2009).

Nos cursos de Direito não é diferente. Em passado recente eram poucos, localizados nas capitais e nas cidades médias. E os seus estudantes pertenciam, regra geral, às classes A e B. Recentemente espalharam-se por todo o território nacional, em mais de 1.000 faculdades de Direito isoladas ou em universidades. O foco desta coluna é o acesso da classe C aos cursos de graduação em Direito.

Em tempos de mão de obra excessiva e salários reduzidos, estudar Direito passou a ser uma boa saída para o sucesso profissional. Afinal, as perspectivas são sempre mais animadoras do que as de outros profissionais. O bacharel em Direito poderá advogar, fazer um concurso de nível intermediário ou superior (e são muitos), escolher a área de atuação que mais lhe agrada (p. ex., defender ONGs), trabalhar em cartórios extrajudiciais (p. ex., tabelionatos) e até exercer uma advocacia administrativa especializada (p. ex., infrações de trânsito).

Poucas profissões oferecem tantas oportunidades. Um profissional de Educação Física só poderá ser professor ou atuar em um clube ou academia de ginástica. Um biólogo terá poucas vagas à disposição em um concurso público. Um médico tem que se sujeitar a vários empregos para poder receber um bom salário. Um engenheiro depende diretamente da situação econômica do país, tendo boas chances em épocas de aquecimento econômico, mas lutando com dificuldades em períodos de crises.

Mas quais as chances do estudante de Direito Classe C?

O estudante Classe C poderá, excepcionalmente, estar em uma universidade pública ou mesmo em uma particular de tradição. Mas, normalmente, ele será encontrado nas universidades de bairros, onde o acesso é mais fácil e as mensalidades menores. Boa parte deles é constituída de pessoas maduras e que vêem no diploma uma possibilidade de ascensão social.

O Classe C entra em desvantagem na competição. É inegável. A começar pela dificuldade de pagar as mensalidades. Além disto, tem que trabalhar e isto dificulta nos estágios, mora longe e perde tempo na condução, geralmente não frequentou as melhores escolas, não tem as relações sociais dos colegas das classes A e B, falta-lhe dinheiro para comprar livros ou participar de cursos ou congressos. Mas isto não deve servir-lhe de desânimo. Ao contrário, deve ser convertido em um bom motivo para ir à luta. E para isto, desde o dia da matrícula, deve evitar a postura do “coitadinho de mim”. Primeiro, porque não ajuda nada. Segundo, porque não é uma verdade absoluta. Vejamos.

O Classe C tem uma vantagem a seu favor, a gana, a vontade de vencer. Criado com dificuldades, valoriza o fato de ter chegado à faculdade. É prestigiado na família. Seus colegas mais abastados, nem sempre são fortes. Afinal, cresceram tendo acesso a tudo, internet, passeios à Disney, roupas caras. Por isso não costumam valorizar as coisas. Supõem ingenuamente que a vida lhes será fácil, que o pai lhes conseguirá um emprego. Desacostumados com limites ou dificuldades, no primeiro conflito abandonam a luta. Declaram-se deprimidos.

Os pais do Classe C não puderam estudar e, por isso, não tem como transmitir cultura. Esta é uma desvantagem, sem dúvida. Mas pode ser suprida com muita leitura. Bons livros de literatura, editoriais de bons jornais e revistas são imprescindíveis. E para quem não pode gastar, as bibliotecas oferecem tudo gratuitamente. Pequenos cursos (p. ex., de redação) ajudam bastante.
Na educação formal (não escolar), o Classe C não está em desvantagem. Ela pode até ter sido melhor do que nas classes A e B. E se não foi, cabe ao Classe C ficar atento, observar muito e corrigir suas falhas. Falta de educação pode liquidar uma carreira. Por exemplo, a informalidade exagerada com o dono do escritório de advocacia (que não deve ser tratado de você), falar alto, dar gargalhadas em locais mais tradicionais ou ir para o estágio com camisa do time de futebol.

Na busca dos estágios (quando possível), o Classe C terá, por falta de relacionamentos (networking), dificuldades de acesso aos grandes escritórios. Mas boa parte deles, atualmente, reserva um percentual de vagas a estudantes necessitados, dentro de uma política de responsabilidade social. Já junto aos órgãos públicos estará em pé de igualdade, pois a seleção costuma ser feita através de testes.

Nos concursos públicos, o Classe C lança todas as suas fichas. Ser oficial de Justiça, conquistar uma vaga na Polícia ou trabalhar em um Tribunal é um sonho que merece o sacrifício de muitas baladas e viagens. Mas para os Classes A e B o apelo é menor. Por terem acesso a tudo e por não imaginarem que seus pais morrerão um dia e o dinheiro pode acabar, muitas vezes não se dedicam com todas as forças. O Classe C não se importa em mudar de cidade ou de estado. Os Classe A e B são exigentes e assim vêem o tempo passar sem colocar-se profissionalmente.

Resumindo, ser Classe C não é obstáculo intransponível para a vitória. O segredo é fazer das dificuldades a alavanca para a busca do sucesso. E o momento é favorável. Boa sorte.

Não que a regra das universidades particulares seja esse estudante de Direito tão bem descrito pelo Desembargador, na verdade, eles constituem a exceção. No entanto, como muitos professores costumam dizer, o sucesso de apenas um deles já serve para compensar o fraco de tantos outros.

Eu fico muito feliz e orgulhoso em ter vários colegas de sala e trabalho que se encaixam perfeitamente no modelo de aluno Classe C descrito no texto. Considero os melhores da turma, e futuros magistrados, delegados, promotores, procuradores…


Retirado de http://joseoliveira.com/2010/02/a-classe-c-no-ensino-superior.htm

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Qual é a do amor?

Qual é a do amor?
Qual é a do querer bem?
Qual é a do desejo?

O olhar, a respiração, o batimento cardíaco, a pele.
O pensamento diuturno, a angústia da distância, o constante esperar por um momento de quase felicidade. Não suporto a idéia de que alguém possa roubar isso de mim. Cada momento, por mais banal que pareça, ao seu lado tem cor, cheiro e sabor.

Franz Kafka Rock Opera - Home Movies

Qual é a do carnaval?



O Carnaval é um período de festas regidas pelo ano lunar no Cristianismo da Idade Média. O período do Carnaval era marcado pelo "adeus à carne" ou "carne vale" dando origem ao termo "Carnaval". Durante o período do Carnaval havia uma grande concentração de festejos populares. Cada cidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes. O Carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX. A cidade de Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo.

A festa carnavalesca surgiu a partir da implantação, no século XI, da Semana Santa pela Igreja Católica, antecedida por quarenta dias de jejum, a Quaresma. Esse longo período de privações acabaria por incentivar a reunião de diversas festividades nos dias que antecediam a Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma. A palavra "carnaval" está, desse modo, relacionada com a idéia de "afastamento" dos prazeres da carne marcado pela expressão "carne vale", que, acabou por formar a palavra "carnaval".

Em geral, o Carnaval tem a duração de três dias, os dias que antecedem a Quarta-feira de Cinzas. Em contraste com a Quaresma, tempo de penitência e privação, estes dias são chamados "gordos", em especial a terça-feira (Terça-feira gorda, também conhecida pelo nome francês Mardi Gras), último dia antes da Quaresma. Nos Estados Unidos, o termo mardi gras é sinônimo de Carnaval.

No período do Renascimento as festas que aconteciam nos dias de carnaval incorporaram os baile de máscaras, com suas ricas fantasiase os carros alegóricos. Ao caráter de festa popular e desorganizada juntaram-se outros tipos de comemoração e progressivamente a festa foi tomando o formato atual.

De acordo com o modo comtemporaneo o carnaval ainda e considerado uma forma de festa bastante tradicional, pois persistiou por vários anos com o mesmo aspecto.


Tá, mas e aí?

Minhas experiências carnavalescas remetem ao período mais tenro da minha infância:

http://www.youtube.com/watch?v=5qhva71J7G8

Depois, lá pelos 11 anos de idade, uma matinê em um clube aqui da cidade. Para mim, o carnaval como todas as outras datas comemorativas, não passa disso, algo criado para termos o que fazer. Para falar bem a verdade, eu nem sabia muito bem o que estava fazendo. Aprendi por osmose que para ser aceito, eu precisava obrigatoriamente estar alegre, pulando, cantando e dançando, além de ter que dar investidas sem sucesso em meninas. E foi assim durante anos. Isso quando eu não passava o carnaval como um dia comum. Não me lembro de viagens com amigos, acampamentos ou nada do gênero. Minto. Há uns quatro anos atrás fui convidado para ir a um retiro. E foi muito legal. Lá conheci gente, fiz amigos, descansei e comi muito bem.

O tempo foi passando e eu traí a mim mesmo novamente. Lá estava eu, em um clube qualquer, sujo, bêbado e suado. Feliz por fora e infeliz por dentro. Está certo, ninguém colocou uma arma na minha cabeça, me obrigando a ir. Mas eu fui.

Aqui em casa nunca acompanhamos desfiles de quaisquer natureza. Sete de setembro, Proclamação da República, todos esses valores passaram batidos por aqui. E o que eu quero dizer com tudo isso? Não faço a menor idéia.


sábado, 6 de fevereiro de 2010

Descobri-me Um Anti-social

Ser anti-social implica em evitar contato social com variados estilos de pessoas, isso pode ter causas patológicas, pode ser característica personológica, timidez, sociofobia e até outras razões. Comecei a calcular o quanto eu sou anti-social e resolvi avaliar isso, sendo assim, também resolvi pensar mais sobre isso, pode ser interessante. Com o passar do tempo eu me aprofundei em ser mais eu e cada vez me tornei menos "os outros", isso ocorreu quando assumi mais quem sou e o que sou, quando me descobri muito excêntrico e que vivo para meu próprio prazer como é comum da excentricidade. É até irônico e sarcástico citar algo "comum" dentro da excentricidade já que a mesma é incompatível e inimiga do comum, normal, limitado e padronizado típicos dos "normalóides" tão comuns e repetitivos espalhados pelo mundo.
Encarei muitas decepções e mágoas, já fui frustrado e senti derrotas e perdas dentro da cabeça e isso não foi fácil de superar, sobraram as cicatrizes e um couro mais duro de tanto apanhar, então hoje sou um homem mais preparado para a vida. Ainda penso que sofri pouco comparado a muitas pessoas por aí, mas sofri e matematicamente é complexo medir sofrimentos e compará-los entre as pessoas, pois cada um sente as coisas de uma forma com diferentes intensidades e isso nos marca.

Desde pequeno fui isolado das outras crianças, meus pais e professores estimulavam meu contato mas eu era solitário, não por solidão mas por solitude e muitas pessoas não entendem como alguém pode se sentir bem estando só. A solidão é algo diferente, pois envolve uma ou mais dores variadas por conta do isolamento, nesse caso a solidão é inversa à solitude, pois da solitude obtemos prazer caso tenhamos um gosto grande por nossa própria pessoa a ponto de sentir prazer em estar sem companhias, já na solidão a dor pode vir do abandono, desprezo, distância, medo e outros fatores criadores desse sentimento. A sociedade nos obriga a ter socialização, pois temos a sociabilidade que constrói e mantém a civilização humana, então com a socialização nos enquadramos na sociedade em algum espaço para interagir com a mesma, já a socialidade está em nós, é nossa capacidade natural de lidar com pessoas ao nosso redor e isso influi direta e indiretamente em nossas vidas.
Sou solitário mais por estilo de personalidade que me gerou também uma sociofobia que vai do leve ao moderado. Quando pequeno eu não sentia interesse em outras crianças, preferia realizar atividades solitárias, acostumei-me a brincar só e a sentar afastado nos cantos das paredes constantemente mudando de lugar para sentar, mas incomodava-me quando professoras tentavam me unir às outras crianças, quando colocavam atividades em grupo, quando queriam realizar festinhas para confraternizar, quando me estimulavam a interagir com outras crianças isso me incomodava, mas eu fazia, pois era obrigatório para ganhar notas e outros benefícios.

Caso não existissem recompensas eu não faria nada a não ser brincar isolado, mas quase todos nós sabemos que crianças são interesseiras, o que não difere tanto das nossas versões adultas, só que quando adultos muitos de nós podemos ser hipócritas e demagogos em dizer que amamos e odiamos de graça, mas na verdade relações humanas quase sempre são relações de interesses, isso nem sempre implica matéria, como no exemplo de quando gostamos de alguém por essa pessoa ser agradável, gentil, educada, divertida, compreensiva, auxiliadora e assim por diante, então gostamos de quem nos cativa algo por dentro, logo existe interesse, pois se essa pessoa fosse tudo de mais agressivo, incômodo, decadente e perigoso a odiaremos, logo há interesses nas relações humanas, mesmo sem matéria envolvida nisso.
Esse texto é mesmo um exercício de conhecimento próprio, pode ser reflexo também das estruturas mentais complexas que me compõem, talvez esse texto ajude o leitor a se identificar com algo a ponto de notar afinidades de pensamento, como também pode estimular uma análise crítica pessoal altamente profunda, capaz de gerar um descobrimento de si mesmo mais intenso, talvez prazeroso ou doloroso, mas mesmo assim necessário. É por essa razão que gosto de escrever pensamentos e sentimentos, mesmo que inalcançáveis para muitos, mas fico contente quando poucos se cativam e dizem que pensam e sentem algo como o que se passa em mim, mas que nunca leram alguém que atingisse tal maturidade e sensibilidade para expressar tais processos interiores.

Notei que várias coisas me fazem ter um nível de isolamento, tentei calcular matematicamente mesmo sabendo que isso é quase impossível, mas nas artes um artista pode fazer a realidade se perverter a ponto de fazer o improvável e impossível, resolvi seguir a receita e então calculei o quanto sou anti-social, só não sei se isso me atrapalha, creio que não me cause dor pois sinto-me ótimo, deve ferir mais os outros, mas não me importo, já tenho quem me ame e também a quem amo, portanto o resto é resto e não devo ligar para isso. então sou totalmente anti-social em:
01- Festas chatas com músicas ruim e pessoas classificadas como escravas alienadas, carentes, efusivas, falsas, cínicas, limitadas, cíclicas, marrentas, "normalóides" e "modernosas" entre outros tantos tipos de pessoas que desprezo e ignoro.
Nível de isolamento: 90%.
02- Presença de parentes da minha linhagem paterna com os quais tenho altos problemas de interação.
Nível de isolamento: 85%.
03- Multidões barulhentas e bagunçadas (sempre sou contra sair para locais assim, salvo no caso de eventos realmente interessantes) e rodinhas com gente que não me agrada.
Nível de isolamento: 85%.
04- Quando tenho que fazer média com alguém e normalmente não faço para ganhar algo em cima de mentiras.
Nível de isolamento: 60%.
05- Quando canto e danço em baladas góticas e “headbangers” distraído com as músicas e não quero falar com os outros.
Nível de isolamento: 60%.
06- Quando penso que como aventureiro solitário é inútil que eu me case e tenha filhos.
Nível de isolamento: 95%.
07- Quando percebo gente intelectualmente miserável e medíocre falando tolices perto de mim.
Nível de isolamento: 80%.
08- Tenho sociofobia moderada.
Nível de isolamento: 45%.
09- Quando finjo de lerdo e surdo para não ouvir certos comentários dos outros.
Nível de isolamento: 45%.
10- Quando não dou atenção para birras, charminho, carências e outras perturbações.
Nível de isolamento: 60%.
11- Quando visto trajes que eu mesmo invento sem ligar para a opinião pública.
Nível de isolamento: 80%.
12- Quando faço minhas excentricidades sem dar a mínima importância para sociedade.
Nível de isolamento: 60%.
Fiz uma equação simples na qual somei todos os valores especulativos de níveis de isolamento, dividi os mesmos pelo número de itens da lista, assim, o resultado foi que sou 70,4 % anti-social. Agora falta saber no que isso me atrapalha já que acredito que não ganho quase nada com o que ignoro e desprezo. Sei que cada pessoa e coisa tem seu valor, mas algumas pessoas e coisas me causam uma leve náusea, assim isolo-me do que não me parece agradável, mesmo que a sociedade defina o que é importante. Desde que eu viva de bem comigo mesmo e ame-me acima de tudo então continuarei a bater ombros para a sociedade que me construiu, pois faço o que quero. Lógico que arco com as responsabilidades de minhas ações e reações, portanto não é por eu ser como sou que estou livre de qualquer sanção social pelo que eu faço, apenas decidi o melhor pra mim, mesmo que esse "melhor" seja distante demais da compreensão pública. Caso me perguntem por qual razão sou anti-social para uns e sociável para outros aqui estão as respostas, gostem ou desgostem delas essa é a realidade e realmente sou egocêntrico e gosto disso.

Ser antisocial...

Taí um assunto sobre o qual sempre quis escrever aqui. Vinha adiando há algum tempo, fosse por falta de disposição, fosse por não querer assumir o deprimente estado em que me encontro. Mas hoje, após mais um domingão insosso e monótono, fez-se o momento ideal pra dissertar sobre tal.

O dicionário Flip define “antisocial” como alguém contrário à ordem social. Ele é meio burro mesmo, só presta pra verificar a escrita correta das palavras; citei a explanação do primo pobre (e burro) do Houaiss a fim de exemplificar o quão difícil é definir o que é ser antisocial. Não se trata de algo evidente, como uma doença, nem mesmo um estado emocional, como a alegria, muito menos algo concreto, como… como uma maçã (!?). A melhor explicação que tenho comigo é que ser antisocial é um estilo de vida.

O sintoma inicial é um só: indisposição para ir a lugares com muita gente, o que invariavelmente faz da pessoa uma caseira convicta. Com o tempo, essa indisposição meio que caleja, passa a ser algo normal, inerente à pessoa. Passando para este estágio, traz inúmeros efeitos colaterais. A dificuldade na socialização é o principal deles; é estranho dizer isso, mas a pessoa parece perder o jeito de se relacionar. Não é como andar de bicicleta, é mais, bem mais complexo que isso. E esse bloqueio vale para todos os graus do relacionamento inter-humano, desde cumprimentos cordiais a desconhecidos, até o mais sublime dos sentimentos, o amor. Na seqüência, vem uma preguiça besta, acompanhada de mudanças de humor. Ora feliz, ora melancólico, o termômetro do estado de espírito fica louco, oscilando constantemente. Parece-me que quanto maior o isolamento do cidadão, mais o ponteiro tende à tristeza, enfim. Há uma coisa boa nisso tudo: uma dedicação exagerada à determinada coisa, que a partir de então, é feita com extremo esmero e excelência. Às vezes nem tanto assim, mas a intenção de quem sofre de anti-socialidade é sempre a melhor possível.

Antes que faça julgamentos equivocados, o antisocial, em regra, não é chato, nem maluco, muito menos bobo. Esses rótulos nada têm a ver com o fato da anti-socialidade, são coisas paralelas. Da mesma maneira que há os extrovertidos inconvenientes e os legais, existem antisociais chatos e bacanas.

Não me incomodo de ser assim, caso me importasse, já estaria maluco à esta altura. É normal, ora, me sinto bem assim, e é isso que importa. Mas as conseqüências que a anti-socialidade implicam são difíceis de suportar. Bom seria se eu achasse graça em sair no sábado à noite, numa danceteria qualquer, beber até cair, beijar umas cinco mulheres cujas quais eu sequer sei o nome, chegar em casa às seis da manhã e dormir o domingo inteiro. Mas não, acho isso uma tremenda idiotice, e o pior é que atualmente não há nada que eu faça que supra essa lacuna de divertimento.

Acho que antisocial se dá bem com antisocial. Ou pelo menos com pessoas que tenham resquícios de anti-socialidade em sua personalidade. Agora, alguém conhece uma mulher bonita, legal, inteligente e antisocial? Eu também não, e é aí que reside o problema-mor de ser assim. A falta de uma companheira é o que mais incomoda, sem dúvida. Eu admito, me dou por vencido. É a realidade, e com ela ninguém pode.

Será que vou ficar pra titio?

http://www.rodrigoghedin.com.br/blog/2005/07/17/ser-antisocial/

Numa conversa de msn

Conversa iniciada com 02/06/10 03:33:48]
[02/06/10 03:33:48 ] '' Thaís Belchior ;D : me ajuda a entender a sua frase, please?
[02/06/10 03:35:41 ] Marcos Vinícius : então thaizinha
[02/06/10 03:35:45 ] Marcos Vinícius : ela é facinha de entender
[02/06/10 03:36:09 ] '' Thaís Belchior ;D : depende da interpretação !
[02/06/10 03:36:14 ] '' Thaís Belchior ;D : quero saber a sua !
[02/06/10 03:36:17 ] Marcos Vinícius : kkkkkkkkkkkkkkkk
[02/06/10 03:38:17 ] Marcos Vinícius : q a vida é só um preencher de tempo
[02/06/10 03:39:00 ] Marcos Vinícius : e q nao existe amor ou felicidade
[02/06/10 03:39:03 ] Marcos Vinícius : simples assim
[Você fechou a janela em 06 Feb 2010 03:39:03]

[Conversa iniciada com 02/06/10 03:40:14]
[02/06/10 03:40:14 ] '' Thaís Belchior ;D : HAIOSHAOISHAOISHOIAUH
[02/06/10 03:40:20 ] '' Thaís Belchior ;D : vc so copiou a frase
[02/06/10 03:40:22 ] '' Thaís Belchior ;D : AHSAOISUHA
[02/06/10 03:41:29 ] Marcos Vinícius : a vida é uma coisa
[02/06/10 03:41:36 ] Marcos Vinícius : q ninguém pergunta pra gente se a gente quer viver
[02/06/10 03:41:41 ] Marcos Vinícius : eai....a gente tem q ir vivendo
[02/06/10 03:41:50 ] Marcos Vinícius : e preenchendo o tempo com coisas
[02/06/10 03:42:10 ] Marcos Vinícius : e é assim até o dia em q a gente morre
[02/06/10 03:42:14 ] Marcos Vinícius : depois disso nao tem mais nada
[02/06/10 03:42:23 ] '' Thaís Belchior ;D : nao gosta de viver ?
[02/06/10 03:42:27 ] Marcos Vinícius : nao
[02/06/10 03:42:46 ] Marcos Vinícius : e alguém disse q a gente tem q ser feliz e q amar...mas isso é tudo coisa da nossa cabeça
[02/06/10 03:42:51 ] Marcos Vinícius : vivo por obrigação
[02/06/10 03:43:08 ] '' Thaís Belchior ;D : que pena :/
[02/06/10 03:43:29 ] Marcos Vinícius : nem tanto
[02/06/10 03:44:27 ] '' Thaís Belchior ;D : ;x
[02/06/10 03:44:41 ] Marcos Vinícius : :X
[02/06/10 03:44:45 ] Marcos Vinícius : e vc gosta de viver?
[02/06/10 03:45:06 ] '' Thaís Belchior ;D : Ahaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaam
[02/06/10 03:45:10 ] '' Thaís Belchior ;D : é bem massa :D
[02/06/10 03:45:34 ] Marcos Vinícius : então quer dizer q vc gosta de ser vc?