quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Desabafo de um pobre universitário...

Se você achar que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados...
Porque o tempo, o tempo não pára!!!

Cazuza

Faltam um pouco mais de seis meses para eu me formar, ser um publicitário. Eu me pergunto e daí? Em agosto de 2006, quando eu coloquei o pé na faculdade, não fazia a menor idéia de onde eu estava me metendo. Sempre cobrei de mim mesmo ser um sucesso, estar no topo da cadeia alimentar, por assim dizer. Alguns conflitos emergiram de lá para cá. Diversas perguntas surgiram e até agora não encontrei respostas para elas. Me senti cobrado também pelos outros todo esse tempo. Quero dizer que, na minha opinião a publicidade está para a elite e o capitalismo, assim como a batina e a bíblia estão para o padre. Como posso corroborar com um sistema que não leva em consideração a população economicamente inativa? Como posso dar o meu aval e trabalhar para sustentar essa maquinaria do mal, que só saber criar desigualdade e uma massa de alienados? E o que posso fazer eu, sem recursos, para mudar essa realidade? À respeito de carreira, não me encontrei dentro da comunicação social. Isso me frustra um bocado. Todo esse período que passei sentado em um banco de universidade, tive a impressão de ter aprendido muito mais com a Internet do que na faculdade. As matérias que eu mais me identifiquei foram: ética, filosofia, sociologia e antropologia, teorias da administração e comunicação e expressão. Todo esse papo de segmentação, público-alvo, share, jingle, spots não fizeram a minha cabeça. Apesar de eu ser bolsista, me senti na obrigação de entrar de cabeça no mercado e tive boa vontade de ir a palestras, oficinas e seminários, mas não me achei, ou na melhor das hipóteses, não me acharam. Dentro de mim eu sempre soube que eu tinha potencial para algo grande, pelo menos essa era a impressão que eu tinha de mim mesmo. Mas talvez hoje eu saiba menos do que quando entrei na faculdade. E eu me pergunto: que mercado? Agências, veículos e departamentos de marketing não foram com a minha cara. Talvez porque não tivesse a indicação de alguém, talvez por ser um ilustre desconhecido, talvez porque tenha faltado um pouco de marketing pessoal e autopromoção. Porque eu bem sei que em uma eleição por exemplo, não ganha o melhor candidato, mas o que fez a melhor campanha, ou seja, o que gastou mais dinheiro. Nesse meio tempo fiz entrevistas e me candidatei a trocentas vagas de estágio. Enviei currículos a deus e todo mundo e nada. Nem um feedback decente eles foram capazes de dar. E agora? Vou fazer o que? Ir para São Paulo ''tentar a vida''? Ir para o exterior para sofrer como imigrante? Empreender como, sem dinheiro ou uma idéia de negócio? Ir para o mundo dos concursos públicos? Dar aula? Meu sonho é ser gestor, fazer pós graduação em marketing, ser trainee em um multinacional. Como vou concorrer com alguém que domina três idiomas, morou no exterior, é branco e possui carro importado? Enquanto isso vou experimentando. Experimentei a carreira cinematográfica, a área de eventos e cerimonial público, e estou pronto para experimentar mais ainda. O que me consola é que não sou o único que estou nessa situação.
Eu bem queria que a vida acadêmica gerasse cidadãos mais críticos e civilizados, coisa que não acontece. O que chamam de educação não passa de educação para o trabalho, para o lucro e não para o aprimoramento humano. Pouquíssimas escolas dão valor e incentivo a arte, aos esportes e a reflexão filosófica por exemplo, porque isso não é interessante para a elite. O pensamento vigente é retrógrado, tacanho e medíocre. Feliz mesmo é o artista, que pode ser pobre. Que faz o que gosta, que expressa o que sente. Taí, talvez eu devesse ser artista....

Marcos Vinícius Benitez

Nenhum comentário:

Postar um comentário